quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"Ricas vidas?"

No expresso de 18 de Outubro do passado de 2008, vinha um artigo cujo título era exactamente este, "Ricas vidas".
Aborda um tema que diz respeito a todos seres humanos, sem qualquer tipo de distinção, e que a sua noção tem sido natural e inevitavelmente alterada ao longo dos tempos, o conceito de felicidade e a sua relação com o dinheiro!
Segundo este artigo, existe uma nova área da psicologia "Happiness Studies"que estuda a relação entre a situação material e o bem estar subjectivo, vulgo felicidade. Ao que tudo indica, cada um de nós tem um "set-point" de de felicidade, um ponto de equilíbrio que estará intimamente ligado ao nosso perfil humano, ao contexto em que estamos integrados, mas fundamentalmente à forma como gerimos as nossas aspirações e expectativas. Foi feito um estudo que sugeria que um grupo de pessoas que tinham ganho o primeiro prémio da lotaria, sentiam inicialmente um maior nível de felicidade, mas que passado pouco tempo, sensivelmente 3 meses, esses níveis baixavam para níveis semelhantes aos de um grupo de controlo que não tinha ganho nada, e em que uma determinada amostra deste grupo de vencedores passado 3 anos, apresentava mais casos de depressões que entre a média da população. Foi feito outro estudo a caloiros de universidades de elite, para se perceber as aspirações finaceiras que tinham. Passado 20 anos, os que tinham aspirações mais altas estavam em média menos satisfeitos. Tudo parece passar pela questão do quão materialista a pessoa é. A felicidade não é mais do que a própria finalidade da vida! Todos a procuram, mas infelizmente cada vez mais pessoas baseiam essa procura em valores relacionados com o consumo desenfreado e frenético, através do inevitável dinheiro que para uns existe em abundância, mas que para cada vez mais pessoas é um incontornável problema que as impede de viver com o mínimo de dignidade e satisfação. Julgo ser a natural evolução de um sistema capitalista que se vem vindo a desenvolver a um ritmo a todos os níveis perigoso, através de motivações alimentadas pela ganância, a cobiça, o ódio, o egocentrismo, a ignorância, enfim, a total falta de humanidade gerações atrás de gerações! Têm-se esquecido que fazemos todos parte da mesma "família", e que devemos actuar no sentido de funcionar como tal.
Entre os psicólogos a ideia de que o dinheiro não faz ninguém feliz predomina, enquanto que os economistas já andam mais divididos. Pergunto-me porque será?!
Outro estudo afirma que a curva da felicidade e a do rendimento crescem juntas, mas só até um PIB per capita de aprox. 15.000 dólares, em que portugal está 35% acima desse valor. A partir desse valor, que representa teoricamente a situação em que as necessidades básicas estão asseguradas, as curvas deixam de apresentar qualquer relação entre si.
O grande problema actual e do futuro, é que este sistema capitalista já provocou desiquilíbrios tais nas condições de vida das populações, que por mais que as pessoas que não têm os recursos financeiros mínimos para satisfazer as necessidades básicas de vida saibam que a felicidade é um caminho interior e pessoal, elas estão inevitavelmente dependentes desta "máquina capitalista" para satisfazer essas mesmas necessidades básicas, para assim sim poderem procurar ser felizes.
Enquanto o Homem não anular sentimentos como a ganância, ódio, cobiça e inveja, e começar a ter consciência da realidade existencial da vida humana, então a tendência continuará a ser a de um percurso de apenas um sentido, o do caos e auto-destruição, com a manifestação de diversos fenómenos agressores das sociedades ao longo dos tempos.
Julgo que enquanto o Homem existir existirá sempre o lado bom e o lado menos bom das coisas, ou não fosse ele um ser tão complexo, que apresenta diferentes formas de encarar e interpretar o sentido da vida ao longo da sua existência! É isso que o torna tão fatidicamente belo!!

Sejam felizes contribuindo para a felicidade dos outros!

1 comentário:

  1. Um novo conceito: "DOWNSHIFTING"
    «Os "downshifters" são pessoas que, voluntariamente, optaram por descer um degrau na hierarquia social para abrandar o seu ritmo de vida, reduzindo o seu nível financeiro mas recebendo em troca tempo para ocupar com tarefas do seu agrado ou pelo menos mais úteis e saudáveis.» (http://equetal.blogspot.com/2008/05/e-que-tal-downshifting.html)

    Bjnhs ;)
    Susana

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